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domingo, 18 de junho de 2017

O Segredo Não Revelado / Fábio de Carvalho [Maranhão]

XXVI

Enquanto o senhor Joaquim falava com sua irmã Joaquina, eu, astuto e curioso, me escondi atrás da porta e descobri o segredo da família guardado a quase seis gerações pelos mais velhos de cada família. Não fiquei nervoso nem surpreso, pois para mim, as coisas devem ocorrer de modo que o vento leve e o vento traga, senão a brevidade da vida ocorre de modo mais breve e com um piscado de olhos, deixa-se de viver, e talvez, tenha-se que reencarnar para esse mundo de expiações para sofrer mais um pouco "pagando" um carma indesejado.

O primeiro passo que dei em direção à porta da sala foi quase que mortal do ponto de vista do meu plano, mas coo quem tem a sorte de um gato esperto, não perdi a vida que confiei naquele passo quase mal dado, e graças a um pássaro que deitou voo em cima do centro, livrei-me da culpa do pequeno vasinho que quebrei ao tropeçar no pé do centro. Aquele pássaro chegou na hora certa, pois quando seu Joaquim deitou vista à sala, deu de cara com o pássaro que já estava de saída pela janela principal. Ele sorrio. Eu engoli seco e fechei os olhos para conter a minha ansiedade. Minha certeza naquele momento foi que, para um pássaro agir numa hora daquelas, só poderia ter havido intervenção espiritual por algum motivo que não faço a menor ideia. 

Seu Joaquim passou quase dez minutos conversando com dona Joaquina no maior sigilo do mundo. Eu ouvi tudo, calado no meu canto achando toda aquela história uma coisa sensacional e ao mesmo tempo muito preocupante, pois cá para nós, eu tirei as minhas conclusões no meu canto.

Ao cabo de quase quinze minutos, desconversaram, corrigiram a cozinha e a sala para conferir se não havia alguém a escuta, e sentaram-se para tomar um café na cozinha, café pisado e torrado na hora. Aquele cheiro me torturou ao ponto do meu estômago quase falar. Pensei, de súbito, que jamais passaria por uma situação como aquela. Mas de fato, aprendi naquele dia, quanto vale o silêncio, e antes dele, cuidar da própria vida. Não posso revelar o segredo de tantas gerações de uma família, pois não me foi confiado, e se o pássaro naquele momento apareceu, foi para que eu após a ocasião vivenciada refletisse e tirasse alguma lição do acontecido. E de uma coisa eu tenho certeza: Nunca vou deitar a cabeça no travesseiro e perder o sono por alguém ter perdido a minha confiança.

***

___ Joaquim...
___ Fala mana...
___ Era bom o Alberto aqui, para tomar esse café com a gente. Eu gosto muito daquele menino...

***

Aquela última frase da dona Joaquina me "matou". Quebrou as minhas pernas. Fez-me refém. Nessa hora resolvi sair detrás da porta e caminhar em direção à cozinha, como se eu estivesse chegado naquele momento...

***

___ Por isso não, senti o cheiro de longe e já cheguei aqui.
___ Pega o “xicrão” de Alberto aí, Joaquim.
___ Agora mesmo...

***

O resto da tarde foi só de conversa boa e de tanta alegria...

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Fábio de Carvalho [Maranhão] - 13h14min - 13h33min, Domingo, Cortês-Pernambuco
Biblioteca Particular/Escritório de Trabalho
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Crônica do dia 11/06/2017 (Não publicada por questões relacionadas a informática).

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