Contador de Visitas

contador gratuito de visitas

domingo, 30 de abril de 2017

Uma reflexão sobre Fé e religião / Fábio de Carvalho [Maranhão]

XVIII

Uma das coisas que costumo dizer, é que o que me sustenta, além de Deus, é claro, é a minha Fé. Mas não me refiro apenas a minha fé em Deus no sentido da devoção e adoração maior. Refiro-me a pontos de vistas que defendo, mas é claro, sem o radicalismo dos que usam venda nos olhos. Esses meus pontos de vistas referem-se a minha maneira de enxergar, analisar e me posicionar com relação à doutrinação, dogmatismos e de certa maneira, ao adestramento de pessoas em face de doutrinas que defendem. Eu tenho dito que, mesmo com tantas igrejas espalhadas por aí, o mundo ainda continua desmantelado. Mas certamente alguém que usa venda nos olhos, vai saltar de um lado e vai dizer: 

___ “Mas a igreja de Deus é “esta” ou “esta”...”.

Isso é normal quando vemos que na sua quase totalidade, os ditos fiéis, escutam, decoram, reproduzem e  defendem a todo custo o que seu "pastor" lhe doutrina. Não vejo problema algum em quem tem religião, defendê-la, até por que existe em meio a tudo isso, uma profissão de fé que deve ser respeitada. O que eu não compreendo e me deixa perplexo é a desunião e concorrência entre os fanáticos religiosos, que de cabo a rabo, desde membros comuns até os líderes maiores, existe um sentimento de concorrência e revanchismo que muitas vezes, desconstrói aquilo que o Cristo deixou como exemplo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Deve ter sido "também" pelas perversidades em nome das religiões cristãs, que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche teorisou que "na verdade, o único cristão morreu na cruz".  Mas diante de tudo isso, eu fico a me perguntar se as pessoas concordam com a frase de Machado de Assis quando ele escreveu na sua obra prima Dom Casmurro, obra esta que me abriu os olhos para o mundo da leitura quando eu ainda não passava da minha adolescência que "o mundo também é igreja para os bons". Eu creio que sim e não me constranjo de maneira nenhuma em afirmar isso. Se fosse o contrário, não existiria tanta injustiça dentro e fora das igrejas, e ao mesmo tempo, como um paradoxo, não existiriam tantas boas ações fora e dentro das igrejas. O que eu quero dizer é que tudo é relativo. Quando Nietzsche escreveu a menção supracitada, no meu entendimento, ele não quis condenar as religiões como uma espécie de maldição à sociedade. Existe nesse fragmento de Vontade de Poder, uma lógica acentuada e elevada coerência, pois quando o chamado "Anticristo" pela Igreja Católica escreve em uma das suas obras de maior potencial a dita reflexão, faz criticas ao comportamento, às ações, a hipocrisia, ao salafrarismo da homanidade a frente das instituições religiosas e também fora delas. 

Trazendo uma reflexão atual, observo que muitos que se dizem cristãos, são a favor da pena de morte, do apedrejamento moral, da paga com a mesma moeda, como na antiga Lei de TaliãoEu não creio que se corrige punindo nem que se deve premiar por uma boa ação. Uma coisa é uma boa ação, outra é a execução de uma obrigação. Muitos não distinguem. Assim ocorre em muitas práticas doutrinárias e em publicações de discursos infundados e sem base ideológica coerente. Enquanto uns rezam ou oram nas noites semanais e em fins de semana, estes mesmos praticam o racismo embutido, não são caridosos e preocupam-se com a vida do vizinho, de Deus e do mundo. Quantos não questionarão estas linhas dizendo que "Ninguém é perfeito, pois até os apóstolos não foram"? Sei que muitos dos que lerem esta reflexão sobre a Fé e a religião desejarão minha cabeça como a Igreja desejou a de muitos ditos "hereges" durante a era medieval, como muitos sonharam com a do criador de Zaratustra, a de Galileu Galilei, Joana D'Arc e tantos e tantas mais. Por esse motivo, eu desejo afirmar ainda, que o comércio em nome da fé cresce tanto, que é indiferente para certas igrejas, o sujeito que desejar frequentá-la sem contribuir de certa forma com o vintém para não sei quem. Em "brincadeiras" como essas, igrejas medievais foram construídas com paredes de ouro, e em outras, em fases do Liberalismo Econômico em detrimento do Mercantilismo evocando Adam Smith, Marx Weber escreve sobre a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo nos dizendo que a ética queria dizer outra coisa, deixando claro que os verdadeiros objetivos da Reforma Protestante, além é claro de criar uma concorrente para a Igreja Romana, vislumbravam o acúmulo de capital através da produção de excedentes, atrelando-se aos burgueses, ratazanas dos esgotos ascendidos ao topo da pirâmide até hoje, fase superior do Capitalismo, o chamado Imperialismo. 

Questiono-me se as pessoas não estudam História por preguiça ou por medo. Questiono-me ainda se quando neste momento de vulnerabilidade política no Brasil, a nação procurou refletir quando a disciplina de História foi colocada na berlinda, de maneira subalterna no currículo escolar, como se na maioria das situações de perfis dos estudantes, houvesse maturidade em refletir acerca da importância do Ensino de História. 

Será que, quando compôs Renato Russo, "assim é bem mais fácil nos controlar", as pessoas analisaram e analisam as metáforas? Mas o que é uma metáfora para uma nação que anda manca e sangrando em Educação e Saúde, Segurança e Corrupção? Quando o astro do Rock brasiliense esmurra com a frase "assim é bem mais fácil nos controlar" ele não fala apenas como se a crítica fosse para os governantes. São para os empresários, banqueiros, líderes religiosos que enxergam antes de qualquer coisa, um cordeiro a sua frente pronto para ser adestrado feito um cão sarnento e faminto. É em uma hora como esta, que o cão sarnento e faminto vira um peixe, e os religiosos hipócritas (mas que a carapuça sirva para as cabeças adequadas), não viram "pescadores de homens", transformam-se em adestradores e lavadores de cérebros, para depois, transformarem-se em caixas de banco, economistas do capital, membros do grupo Boi, Bala e Bíblia e assim por diante.



Enquanto isso, eu prefiro a minha Fé, em Deus e nos deuses que habita em cada um e em cada uma, em nome da caridade, das boas ações, e acima de tudo, da vergonha que honra o nome e serve de exemplo para as gerações futuras...

E vão se cuidando, pois se for morno, a vomitada é certa... ( (APOCALIPSE 3:16)

Foto: Fábio de Carvalho Maranhão (Artes Visuais)_Acervo Pessoal/2016

Fábio de Carvalho [Maranhão]
30/04/2017, 10h44min – 12h03min - Domingo, Cortês-PE, Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular]Descrição: clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário