IX
Quando eu conversei com meu amigo e
professor, o historiador Alexandre, ouvi coisas que na realidade, eu não ouvia
há tempos. Conversamos sobre coisas que muita gente tem preguiça ou evita
conversar. Mas na verdade, existe um contrapeso, que é a necessidade do
amadurecimento intelectual.
A conversa principal se tratou da
hipocrisia, que contamina ou é gérmen hereditário que as vezes nem tem cura.
Nossa prosa não foi muito extensa, mas com
certeza, tem a capacidade de esclarecer e direcionar muita gente em diversos
assuntos e situações. Iniciamos nossa conversa quando, por conveniência, nos
encontramos no Hotel Poeta dos Palmares, para falar sobre meu artigo
científico, que por sinal, foi exigência para a conclusão do meu curso de
especialização em Ensino de História. O objetivo da conversa não foi discutir o
artigo em si, pois meu orientador foi o Professor e Poeta Vilmar Carvalho, fato
que me enche de orgulho, não apenas pela situação de aceitar me orientar, mas
pela pessoa que ele é, pelo professor e pelo grande poeta da cidade dos
Palmares-PE, terra a qual eu nasci.
Ao sentarmos para a conversa, logo
abasteci meu copo de estimação de café, e como se não bastasse, ofereci ao
professor Alexandre uma dose de Wisk, que logo recusou, com um sorriso educado
e um "eu prefiro acompanhar o amigo com um café".
O professor Alexandre Lima é daquelas
pessoas que todo mundo gosta. Não só pelo fato de ser professor competente,
historiador de qualidade, responsável e profissional, mas pelo ser humano que
demonstra ser durante seus contatos com os alunos.
Iniciamos a conversa da seguinte maneira:
___Professor Alexandre, eu conheço uma
poção de gente que nos fins de semana estão em altares de igrejas pregando o
que eles chamam de "Palavra" e nos fins de semana vendem cachaça, e
ainda fazem promoções para venderem mais. O que o senhor acha disso?
O professor Alexandre não hesitou em me
responder, mas por questão de ética, não vou publicar o que ele declarou nos
seus discursos bem fundamentados e repleto de coerência.
Na sequência, proferi:
___ Amigo e estimado professor, conheço
várias pessoas repletas de discursos moralistas, que declaram serem contra a
prática de propina em todos os âmbitos. Indago o amigo sobre a seguinte
situação: Por que muitos desses sujeitos presenteiam a polícia e outras
autoridades, como se esperassem favores em troca?
Não preciso narrar que a resposta do amigo
e professor foi uma aula de filosofia regada a uma contextualização histórica
acerca de valores culturais. Mas emendei com outra pergunta, acerca de
profissionais de diversas áreas, me atendo restritamente a uma:
___ Conheço um amigo que sua religião não
permite diversas coisas, dentre elas incitar ao pecado. Minha dúvida é: Por que
um sujeito que é do "alto escalão da sua igreja", grava anúncios de
diversas ordens, especialmente aquelas que convidam as pessoas para beberem e
dançarem.
Meu amigo e professor não hesitou em
responder, deixando clara sua sabedoria e juízo ao pronunciar suas opiniões,
repletas de fundamentação teórica nas áreas de filosofia, psicologia e
história.
Nossa conversa foi longa, e como um
filósofo e um discípulo, trocamos ideias, fazendo questionamentos repletos de
coerência em face das incoerências históricas, especialmente acerca da ética
religiosa e do espírito da hipocrisia humana.
___ Professor, e o prefácio do meu livro
"Prosa Imunda" quando fica pronto?
___ Esses dias conversaremos sobre ele.
___ Mas me fale outra coisa: O que há com
o povo brasileiro diante de tudo que vem acontecendo na esfera política
golpista e da imprensa manipuladora?
___ O que posso falar no momento é sobre
os jogos de interesses, amigo. Mas muitas coisas explicam os fatos. Vamos
pensar, por enquanto, contrário a Renato Russo, que o Brasil não é o país do
futuro. E isso será durante muito tempo...
___ Lamentável, não, amigo?
___ Sim, amigo, lamentável!!!...
Fábio de Carvalho
[Maranhão]
26/02/2017,17h30 - 170h49min- Domingo,
Cortês-PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário