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domingo, 29 de janeiro de 2017

Yemanjá, Mãe das Águas / Fábio de Carvalho Maranhão

V

Próxima quinta-feira, dia dois de fevereiro, será dia de fazer oferendas nas águas para Yemanjá

https://jeitobaiano.wordpress.com/category/baianidade/page/8/
Essa data marcou minha vida há quase dois anos. Talvez, por força da emoção ou imaturidade, eu estivesse riscado essa data dos anos que atravesso, quando chega fevereiro, mas por eficiência da maturidade e da fé que há dentro de mim, considero essa data uma data de reflexão e ao mesmo tempo de compromisso com minha fé mística e respeitosa. 
Em 2015, numa segunda-feira, dia de Yemanjá, meu pai, de nome Carlos Alberto de A. Maranhão, desencarnou me deixando um vazio mais vazio do que se pode imaginar. Esse fato não me deixou lembrar desse dia, que para mim, merece muito respeito, pois desde uma semana antes até essa segunda-feira, eu vinha sofrendo os abalos emocionais com a internação de papai no Hospital do Servidor de Pernambuco, que mais parecia um pronto atendimento de gambiarra para atender, no sentido figurado da expressão, presidiários condenados à morte. Mas pensando bem, naquele ano, penso que os pacientes que deram entrada naquele exemplo de desmando e descaso público, estavam sendo condenados a sofrerem e pagarem com a vida aquilo que chamavam de administração do Estado.

Não me furto em dizer que esse ano pretendo oferecer às águas, minha devoção cheia de respeito para Yemanjá no intuito de rogar proteção aos seus filhos, afilhados e devotos. Eu não quero dizer aqui que meu pai era devoto da mãe das águas, mas que não achava graça em piadas pejorativas direcionadas às entidades do Candomblé e da Umbanda, mas era muito direto quando dizia que não caberiam "essas 'áimas' todas no céu ou no inferno". Talvez, quando no dia dois de fevereiro de 2015, na hora do desencarne de papai, Nossa Senhora da Conceição tenha pegado na sua mão e evitou algum sofrimento maior durante a sua passagem. Nossa Senhora da Conceição, no Candomblé e na Umbanda, é simbolizada por Yemanjá, e essa referência é-me importante, porque como acredito nos sinais do mundo maior, penso que não foi à toa que essa data veio marcar a minha vida. É por isso que não posso falhar comigo e com a minha fé, "quando fevereiro chegar", para acender minhas velas em memória do meu pai, em devoção a Nossa Senhora e em Respeito a Yemanjá, mesmo sendo eu, devoto de São Jorge, meu Pai Ogum. Se der, vou no Cemitério de Itabaiana-PB, cumprir minha obrigação no túmulo de papai, fazer o que fiz ano passado no dia do seu aniversário, em 17 de julho. Depois vou no sítio de Tio Geraldo, lugar que ele gostava muito de visitar. Papai faleceu com 67 anos, fez tudo que quis e se mudou para o andar de cima em um Grande Dia, pois foi um Grande Homem. Eu não vou pedir para a rainha do Mar me levar agora, para vê meu pai, pois tenho meus filhos e minha família para trilhar uma longa e larga caminhada, como é o caminho das águas...

Fábio de Carvalho [Maranhão]
29/01/2017, 18h49  - 19h27min- Domingo, Cortês-PE.

http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/100000477055/rj-devotos-levam-oferendas-%C3%A0-iemanj%C3%A1.html


domingo, 22 de janeiro de 2017

O Escritório tão Sonhado / Fábio de Carvalho Maranhão

IV


Eu sempre quis organizar meu lugar para realizar uma das coisas que para mim é de grande valor: ler, escrever e produzir arte como um motor de avião ligado a todo vapor. Às vezes eu pensava na estante, no birô, na mesa, nas cadeiras, nas prateleiras, tamboretes, uma cama de solteiro para um eventual descanso, iluminação adequada, os detalhes da porta e uma janela, que desse margem para uma visão celestial, que para mim, é combustível poético e benevolência natural. Até as noites de produção de poesia seriam mais sugestivas, sobre o birô, à meia luz, papel, caneta e computador, a literatura se conceberia com suavidade e forte satisfação pelo tempo e pelo e espaço.


Outro dia eu fiquei sabendo que na cidade de Gravatá, logo na chegada, do lado direito da pista, tem uma entrada, e bem antes da entrada do Detran, tem um pessoal da área de marcenaria que só lida com madeira de boa qualidade, e isso escutei na época por uma boca só.


Em 2013, quando fui resolver questões sobre minha primeira Carteira de Habilitação, pude conferir de perto, a primeira vez, se a memória não me falha, foi quando fui fazer o exame psicotécnico ou realizar a avaliação sobre legislação de trânsito. A segunda, quando fui realizar a avaliação prática, e a terceira e quarta, quando fui buscar a tão sonhada "carta". A terceira vez foi viagem perdida, pois não constava nossos nomes na remessa da semana. Ninguém se frustrou. Francisco que era a alma mais passiva do mundo, nem se coçou. Pois é, cada um sabe o que faz, e paciência, como dizem, nunca é demais. Mas voltando ao assunto principal, não comentei nada pra ninguém sobre meu interesse em organizar meu escritório e mobiliá-lo com móveis encomendados e sob medida. Não cheguei a descer para conferir os acessórios que ficavam expostos em frente aos galpões, que ainda hoje existe no lugar referenciado, mas deu pra perceber que o nível da matéria-prima e a arte eram de qualidade e pra ninguém botar defeito.


Passaram-se os anos, e mesmo eu tendo declarado que procurei conferir o que me falaram sobre os móveis de Gravatá no ano de 2013, não me furto em dizer que esta ideia já vinha sendo estruturada desde o ano de 2005, desde os rabiscos dos papéis até acessórios simples, tipo: um extrator de grampo até uma raquete para matar muriçoca, aeds egipte, pois ninguém merece escrever com o zumbido de mosquito no ouvido, além de tirar a concentração, corre-se um sério risco de ser acometido por uma doença dessas que são um terror hoje, principalmente para gestantes, crianças e idosos.


Desde esse tempo, eu sempre pensei que para escrever e estudar melhor seria necessário o tal escritório. Talvez até seja, mas hoje eu vejo que, mesmo se ele não existisse, eu escreveria com a mesma proporção, pois foram tantas etapas para chegar até aqui, que comparando o que eu escrevi antes de sentar nessa cadeira giratória que minha esposa Érica me deu, sobre esse birô de madeira pura e de duas gavetas ou sobre aquela mesa de madeira maciça, com o que escrevi depois de chegar nessa etapa, com certeza essa ultima fase não pode ser comparada sobre esse aspecto. Do papel até aqui, vieram estrutura, telhado de brasilite, reboco, piso queimado, parte elétrica e forro. Mais adiante a cerâmica do piso. Ainda mais adiante o aumento das paredes para fazer outro telhado, dessa vez com madeira nobre, a famosa maçaranduba e telha canal de primeira. Por esses dias, chegou a vez de emassar as paredes, forrar novamente, e dessa vez com uma altura fenomenal e a cerâmica da parede da frente. Mas sobre móveis, nunca comprei os de Gravatá. Ainda faltam alguns detalhes, mas o tempo como sem sempre o tempo vem rápido, assim que der eu vou ao encontro dele.


E sobre a conversa das minhas produções escritas, é claro que essa realidade mudará, e principalmente estando eu com vida e disposição para escrever, mas quando isto acontecer, eu escrevo outra crônica desmentindo esta. Não que o que acabei de escrever seja mentira. É só o modo de falar...


Fábio de Carvalho [Maranhão]
22/01/2017, 18h58  - 19h35min- Domingo, Cortês-PE, Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular].

- Imagens em Breve -

domingo, 15 de janeiro de 2017

Dado é Dado, Vendido é Vendido e Emprestado é Emprestado / Fábio de Carvalho Maranhão

III

Essa máxima meu pai sempre me falava: "Dado é dado, vendido é vendido e emprestado é emprestado". As vezes eu não compreendia o porquê de papai repetir essa frase, talvez, pela pouca idade que eu ainda tinha. A Rua Pe. Antônio Borges, aqui em Cortês, foi palco de muitas conversas com ele, que mesmo sendo de pouca conversa, as vezes falava-me apenas com o silêncio. Mas eu me lembrei desse aforismo, digamos assim, quando tomei conhecimento de gestos de pessoas que gostam de dar o que tem, ou as vezes até vender ou emprestar. Falo dar, vender ou emprestar, não me referindo apenas a objetos, ou seja, bens materiais, mas isso também inclui um favor, uma palavra, até mesmo uma sugestão ou conselho. Pois bem, nenhuma das coisas que citei se enquadra na história que narrarei adiante. E dos três verbos ou vícios, se assim pudermos chamar, o que vou me ater nesta narrativa é o verbo "vender", mas dependendo do ponto de vista, ele poderá ser substituído pelo verbo emprestar, mesmo que temporariamente. 
O assunto, iniciando os pormenores, relaciona-se a venda de votos. Vejamos bem: Fulana de tal vendeu seu voto por um valor qualquer, Ciclano recebeu uma gorjeta irrisória para votar em um crápula qualquer e ainda Beltrano trocou sua dignidade por uma consequência alarmante: mais de mil dedos sujos apontados para ele quando caminha pelas ruas da sua cidade. Mas o mais alarmante é que essa história não se trata apenas de pessoas ditas "pobres". Nesse meio todo tipo de gente se envolve e comete o pecado originário de todas as desigualdades que a gente vê por aí. Outro dia, caminhando pela Rua da Concórdia em Recife, pensei que iria adoecer dos pulmões por inalar tanto mau cheiro brotado das calçadas. Será que a venda de voto não gera esse tipo de problema urbano? Ainda bem que aqui em Cortês ninguém vende o voto. É confortante saber disso, principalmente em uma pequena cidade da Mata Sul Pernambucana, onde a maioria das pessoas pensa livremente e que de maneira nenhuma pagam um preço nem são punidos em razão das suas ideias. Mas para encurtar a conversa, sei que pessoas de posses materiais, independência financeira e emancipadas da cidade que resido desde que nasci não se passam a prestar um papel desses. É claro que em uma outra cidade, a qual não desejo registrar aqui o nome por questão de ética, essa realidade é completamente o contrário. Aqui em Cortês não, mas lá, até professores vendem seus votos. Outros trocam coisas mais valiosas do que suas dignidades. Ainda outras pessoas, casadas, solteiras, desempregadas, analfabetas, diaristas, muita gente mesmo, trocam seus votos por aquilo que lhes faltam no momento, às vezes, o valor de três papéis de energia, um aluguel atrasado, um cargo de secretário e secretária na prefeitura, uma volta em algum motel nas redondezas da cidade vizinha, uma carteira de cigarro acompanhado por uma caixa de espumante. Mas graças a Deus aqui em Cortês não se vê isso. Talvez, Cortês seja a única cidade pernambucana, não, brasileira, a não manchar sua história com atos de compra e venda de voto. Mas se os políticos fizeram do voto uma mercadoria, aparecerão consumidores de todos os escrúpulos, com ou sem necessidades, apaixonados ou não por política. 
Quando se aproximam os períodos eleitorais, eu faço questão de sair da minha casa para ouvir as propostas dos candidatos, que por sinal, são todas dignas de compor até uma página da "Carta da Terra" ou até mesmo do Código Universal dos Direitos Humanos. Falo isto em todos os sentidos, pois além de serem dignos os discursos (todos eles), são estruturados de coesão, coerência e de um nível linguístico sensacional. Cortês é exemplo, nesse e em outros aspectos. Aqui ninguém deseja que o adversário morra, que dê outra enchente para vir mais dinheiro para a cidade, aqui ninguém vende o voto, que é fundamental. Eu aprendi muito com meu pai, que só estudou até a quarta série do antigo primário. Uma das coisas que aprendi direito foi não vender, dar nem emprestar meu voto, mas a avaliar em quem vou votar. Até hoje já me arrependi muitas vezes em ter depositado votos em urnas eletrônicas. Mas vou escrever meu desfeche citando um aforismo da minha autoria postado em um outro blogger meu que se encaixa muito bem a minhas idéias e minhas ações: "Minhas palavras não são como pedras lançadas que não mais retrocedem. Sempre escrevo com lápis e borracha para corrigir as ortografias equivocadas". E isto se dá em vários níveis.  Ainda bem que sei muito bem o que se deve dar, vender e emprestar. Imagina se eu não soubesse. Mas agradeço muito a Anísio Teixeira, pois aprendi com ele a não ter compromisso com as minhas idéias, e sou grato a Darcy Ribeiro, pois também aprendi com ele que quem carrega suas verdades não estar apto a mudar de opinião, mesmo quando é necessário, por isso, "sempre escrevo com lápis e borracha para corrigir as ortografias equivocadas", e isto, claramente, também vale para as minhas ações...

Fábio de Carvalho [Maranhão]

15/01/2017, 13h27min - Domingo, Cortês-PE, Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular].

domingo, 8 de janeiro de 2017

As Coisas Simples às Vezes São Assim / Fábio de Carvalho Maranhão

II

Não pretendo aqui pregar um saudosismo irreal ou desenhar um modesto perfil de quem gosta de recordar as coisas. Nem sempre sou assim. Mas olhando esses dias umas fotografias da velha casa, que hoje resido, porém modificada neste nosso presente, vi nos detalhes de alguns móveis, que eles não traduzem aquilo que enxergamos à primeira vista, pois para mim, que os vi, todos, em épocas remotas a esta, sendo usados por quase todas aquelas pessoas das fotografias, que em sua maioria já se foram, eles são de todo, fragmentos de histórias que marcaram a minha infância e adolescência. Mas por falar nisso, os móveis me fizeram lembrar algo que sempre tive vontade de escrever: a tal da obsolescência programada que as coisas de hoje carregam. Com os móveis não é diferente. Talvez esta palavra "obsolescência" não seja a palavra mais adequada àquilo que desejo dizer, mas basta adaptar seu sentido que ficará clara a minha crítica. Vejamos: quando morei com a minha tia-madrinha-avó Irene Teixeira de Carvalho, mais conhecida como Irene do Cartório, até meus quase dezoito anos, tive o prazer de vê nos tipos dos móveis, a qualidade e o retrato de outro tempo. Não faço crítica nem quero matar a paulada o gosto de quem tem tara por móveis MDF, pois sei que gosto é uma questão pessoal e que vai além  disso, e concluo dizendo que nesse meio existem duas coisas que é muito presente no mundo pós-moderno: o consumo e a vaidade, e isso gera um aumento desregrado do consumo desses móveis que não aguentam uma pingueira em atividade por meia hora. Mas ainda assim precisamos falar mais sobre ambientes sustentáveis e o reaproveitamento de coisas que mantenham o mundo da reciclagem ativo, e por isso, a Mãe Natureza através de Oxossi, o Orixá das Matas (Salve!) agradece, o que respeitosamente em um sincretismo religioso, é representado pelo nosso São Sebastião. Pois bem, a Avenida São Francisco me faz recordar muito bem esses detalhes, e eu acabo pensando como pessoas dão tanto valor as coisas que não tem durabilidade e qualidade. É preciso pensar bem sobre o que de bom as coisas nos oferecem. Penso as vezes que momentos meus vividos em outras encarnações são reacendidos quando, sem querer, vejo, todo ou até mesmo lembro daquele guarda-roupa, velho mas muito bem conservado, aquela forte cômoda, a mesa da cozinha e a mesinha que minha saudosa Tia rezava à Nossa Senhora. São essas coisas que me fazem dizer que os móveis me dizem mais do que o que a visão capta. 
Lembro-me que certa vez, ao tentar fechar uma gaveta da cômoda do ultimo quarto, que antes era dispensa, machuquei o dedo ao ponto da unha do dedão ficar rocha. Soltei um palavrão que depois me doeu a alma, pois como nunca chamei um nome daqueles na frente da minha Tia, a consciência me pesou. Não me pesou a consciência pelo fato de Tia Irene ter escutado, pois ela não escutou, foi porque me lembrei de Tio Valdo (Julivaldo, originalmente), que quando se aperreava chamava tantos palavrões, que quando o repertório acabava, ele inventava nomes que nem eu sabia o que era. Foi-se para o Juazeiro e não voltou mais. Jurou que morreria por lá mesmo e que no dizer dele "Nunca mais volto aqui para votar em ninguém nesta cidade". Cortês havia acabado para meu Tio. 
Mas voltando ao assunto dos móveis antigos, que são para mim, de uma simplicidade enorme, tornam-se tão grandiosos pelo fato de me dizerem e me fazerem sentir coisas que eu jamais imaginaria que sentiria e lembraria...
O sofá da primeira sala, por sua vez, não me deixa esquecer Tia Irene, Tio Valdo, Tio Róga, Tio Toinho, Dona Odete, Dona Maria da Água...
E a Frente, os Janelões e a Porta da Casa original?! Sobre esses eu nem quero falar...
Meu Deus! E eu que pensava que os móveis não falavam. Mas é isto mesmo! As coisas simples às vezes são assim...

Fábio de Carvalho [Maranhão]

08/01/2017, 16h51min Domingo, Cortês-PE - Sala da Minha Residência.


Fotografia : Acervo Pessoal: (Nossa Casa)
Érica , Irene Cavalho e Fábio de Carvalho


Fotografia : Acervo Pessoal.
Irene Cavalho e Fábio de Carvalho

domingo, 1 de janeiro de 2017

Um Ponto de Vista Sobre as Coisas / Fábio de Carvalho Maranhão

I

Hoje, primeiro de janeiro dos anos dois mil e dezessete, contando 33 anos de idade, não me furto em dizer que me sinto mais do que nunca, um Palmarense de carteirinha. Leia-se direito! Eu disse Palmarense, e não Palmeirense. Ademais, eu não vibro com fanatismo para nenhum time de futebol com o sangue fervendo. Mas sou adepto ao Leão da Ilha do Retiro, e mesmo assim, este ano as cores espirituais são o Azul Céu e o Braco. Mas voltando ao assunto inicial, sinto-me de todo um Palmarense, mesmo sem conhecer o nome de uma rua sequer daquela cidade. Meu vinculo com Palmares vem de berço, pois lá nasci, adquiri diploma de graduação, além de também, do meu filho, nascido também, lá, para meu orgulho. É isto: Nascemos na cidade dos poetas. As vezes, quando eu caminho pela avenida São Francisco, aqui em Cortês, adentrando na rua Celso Borba, concluo também, que tenho dupla municipalidade em termos sentimentais. Uma das coisas que gosto de fazer em Cortês, por sinal, é adentrar na Lanchonete Cortês, e tomar aquele cafezinho feito por Dona Maria.O Ambiente é simples, mas é indescritível o sabor do Café e a visão de lá de dentro. As vezes sou acompanhado por um ou outro amigo, e sentados, conversamos, para variar. Estanislau ou Taninho  como muitos chamam e meu compadre Analiel são uns desses amigos que apreciam tanto quanto eu a cafeína e a conserva, a boa e antiga amizade. De dentro da lanchonete, vemos de frente partes das ruas Sete de Setembro, Celso Borba, Seis de Junho, Coronel José Belarmino e lá no morro, a Rua do Sol. Lembro-me do tempo em que trabalhei na Agência dos Correios. Com exceção da penúltima rua citada, as outras compunham meu setor de entrega. Quando lembro de parte da minha infância, vejo o quão foi e é importante para mim esta pequena cidade da Mata Sul pernambucana, divisa com o Agreste. Entre o trabalho e os estudos, tenho muito a recordar. Mas entre muitas construções, vínculos, caminhos traçados, também há desconstruções e alguns descaminhos que as vezes fazemos questão de registrar na página do pensamento e no fundamento das ações pessoais. É isto mesmo! Isto chama-se exílio por um lado, e ostracismo por outro. Mas entre o outro e um, existem a determinação e o compromisso consigo mesmo. Talvez eu não tenha sido muito claro, mas tudo é uma questão de ponto de vista. Outro dia, após quase nove horas de leitura na minha biblioteca, eu tomei chocolate quente pensando que era café. Eu até que olhei estranho para o copo após deitar a garrafa térmica sobre a xícara, mas logo acreditei que se tratava de um Bom Jesus e degustei o primeiro gole com muita vontade. Depois conclui que esse lapso ocorreu porque depois de escrever aquele bendito artigo sobre Teoria da História, eu tomei duas garrafas de Casillero Del Diablo. Eu não estava embriagado. Com duas garrafas de vinho? Eu jamais ficaria embriagado com duas garrafas de vinho. Mas elas devem ter alterado a minha visão e por isso eu devo ter confundido o café com o chocolate. Alterar ou mudar de visão sobre as coisas é uma questão que depende de muita coisa. Hoje, por exemplo, eu me sinto, como falei, mais Palmarense do que Cortesense ou Bonitense. Bonito é cidade do Agreste, e com ela a minha história é outra. Meu vinculo com Bonito, além de dois ou três amigos, é com o Clima e com a Chácara que comprei em 2014. Mas o futuro é uma incógnita. Pena que em muitos casos, o presente contribui para as vezes, querermos mudar muita coisa do passado, como falei, pelo exílio involuntário ou pelo ostracismo. Mas isso não me incomoda nem um pouco. Afinal de contas, poeta que é poeta não tem nacionalidade nenhuma mesmo, quanto mais naturalidade. E falo isto com a máxima naturalidade. Talvez quem não é poeta não entenda. Mas tudo é uma questão de ponto de vista...

Fábio de Carvalho [Maranhão]
01/01/2017, 22h54min - Domingo, Cortês-PE - Mesa da Cozinha com um Café do Lado.

Imagem - Foto com Edição: Acervo Pessoal.
Fábio de Carvalho, Analiel Francisco e Estanislau Ferreira (Taninho)
Lanchonete Cortês, Segunda-feira, 25.07.2016.




Notas Sobre Crônicas / Fábio de Carvalho Maranhão

Fábio de Carvalho [ Maranhão ], poeta.
Pernambuco, domingo, Primeiro de janeiro de dois mil e dezessete.

Leiam minhas Crônicas Semanais com Publicações Inéditas Todos os Domingos.

Fábio de Carvalho [ Maranhão ], poeta.
Pernambuco, domingo, Primeiro de janeiro de dois mil e dezessete.