Cortês-PE, domingo, 09 de julho de 2017.
(21h38min)
Revisando para posterior publicação
...
Fábio de Carvalho
domingo, 9 de julho de 2017
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Sinal Imaterial / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Hoje fiz uma pequena cirurgia para a
retirada de um cisto na área labial, chamado de Cisco Mucoso ou Mucocele,
segundo Dr. Garibaldi Gurgel, que agiu com o mesmo profissionalismo e
dedicação. Fui operado por ele na Antiga Unidade Mista Elvira Valença Borba, em
Cortês-PE, no ano de 2008, Hospital de médio porte, levando em consideração sua
estrutura, serviços clínicos e demografia de Cortês. Neste hospital, Dr.
Garibaldi me operou. para a retirada de um cisto sebáceo na área da virilha.
Antes disso, acompanhou-me em vários tratamentos de crises de garganta, tendo
só no ano de 2012-2013, me submetido a um tratamento intensivo sequenciado para
resolver minhas crises de amigdalites recorrentes. Graças a Deus fiquei livre
deste problema. Em 2015, meu filho Herbert e a apenas 11 dias, meu filho
Hélder, nasceram em Palmares -PE, no Hospital Santa Rosa, através da proteção
de Deus a contar com as mãos abençoadas deste grande médico, que há muito
tempo, tanto minha esposa Érica quanto a mim, tem acompanhado. Além do procedimento cirúrgico, fui medicado para inibir uma crise de sinusite alérgica, bem como iniciado um tratamento a base de drogas diárias para a manutenção preventiva desse problema de saúde. Antes, durante e depois de tudo, hoje, senti-me melhor, não em termos de saúde propriamente dita, mas na condição de saber, que trata-se de um médico que gosta de cuidar da saúde dos seus paciente, com o dever equivalente ao prazer em exercer a medicina. Depois de Deus, confio em Dr. Garibaldi, como instrumento do Divino Mestre, que Orienta, Guia, Instrui e Permite que ele exerça a medicina como a ciência dos anjos. Por isso, registro aqui, que quando, em 2008, fui operado pela primeira vez por este médico, vi dois anjos de luz ao seu lado, no momento em que fui anestesiado, mas não pude registrar, no entanto, hoje, fui surpreendido com mais um sinal do Alto, onde na fotografia, uma mão do meu lado direito, no momento da retirada do cisto, fez-se presente, sem que eu visse, pois eu estava com os olhos fechados, mas o registro foi feito, e "tenho convicção", mesmo porque deitei em uma maca que estava isolada ao lado da parede, sem acesso algum, mas só dei por isso há pouco, observando a foto que foi registrada por um celular.
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Obrigado, Grande Arquiteto Universo! Obrigado Espíritos de Luz! Obrigado Dr. Garibaldi!
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Saúde para Todos!
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Fábio de
Carvalho
Cortês-PE, Quinta-feira,
06/07/2017 - 23h33 – 23h49min
- Procedimento Cirúrgico com presença espiritual - Paciente: Fábio de Carvalho Médico Cirurgião: Dr.Garibaldi Gurgel 06/07/2017 |
domingo, 2 de julho de 2017
O Fim Mais Triste de Uma História de Amor / Fábio de Carvalho [Maranhão]
.
Francisco foi um homem que viveu no interior de uma cidade pernambucana
de modo recatado e extravagante, entre a euforia natural e as crises de
ansiedade que por motivos particulares, lhe acometiam. Gostava de ler. Era um
fluente leitor. Leitor de livros, de olhares e de intuições que lhe eram
próprias e demasiadas aguçadas. Pediu tanto a Deus para que esse dom, que
muitos espiritualistas chamam de faculdade mediúnica intuitiva, lhe
fosse tirado, pois, diga-se de passagem: era uma peculiaridade sua muito
aguçada, e não raramente acertava. As vezes chegava a chorar por ter tanta
certeza de algumas coisas que lhe chegavam em mente. A certeza e o choro eram dois
estados que para Francisco, era natural, especialmente por conhecer-se bem e
por ser muito emotivo, dito por muitos como muito intenso. Não ignorava o jeito
das pessoas serem como eram. Dizia sempre que era preciso entender as pessoas
como são e que perdoar é uma coisa urgente, que confiar deve sempre ser uma
situação relativa, que julgar é um ato de imaturidade, que ser desonesto é uma
condição subumana.
.
Francisco era de pouca expressão com relação a atos públicos
relacionados as tidas práticas sentimentais do ponto de vista de um romance,
porém, era tão intenso que não cabia no seu peito as expressões de amor que
executava da maneira mais natural do mundo quando amava de fato. Lembro que a
última pessoa por quem Francisco se apaixonou, custou-lhe o sossego pelo resto
da vida. O motivo é decepcionante até para narrar: insensibilidade,
esquecimento da outra parte, mentiras, traição. Uma vez, quando encontrei
Francisco pensando sozinho, em uma noite de julho, dia primeiro para ser mais
preciso, não faz muito tempo assim, olhei nos olhos do amigo, e senti dó. Mas
foi uma coisa tão ruim que penetrou minha mente, e passeando pelo meu coração e
minha alma, que engoli o choro e quase soluçando, eu disse para o amigo:
.
***
.
____ Não fica assim, meu amigo. Levante a cabeça Francis, que era assim
que eu o chamava.
***
.
Ele curvou a cabeça em meia-lua, pois estava ainda cabisbaixo, olhou
para mim, com o olhar profundo, e voltando-se para si, como o olhar novamente
fixo para o chão, balançou lentamente a cabeça para um lado e para outro.
Aquele olhar, aquelas expressões, aquela imagem me comoveu tanto que não dormi
a noite, e ao sair de lá, soluçava como se uma dor mortal estivesse me
possuindo. Pensei comigo: Francis precisa de um ombro amigo. Mas como vou
oferecer esse ombro se fiquei pior do que ele?...
.
Passados anos, quando pensei que meu amigo havia se despedido da dor, o
encontrei no mesmo banco. Ele era poeta, músico, escritor, artista plástico em
segredo, tocava um violão que era uma beleza. De longe, lá estava ele: sentado
com a perna cruzada e seu violão de braço clássico na sua mão esquerda apoiado
ao pé esquerdo. Sua mão direita, apoiada nas costas do banco, estilo canapé.
Senti uma alegria imensa, pois achei que o amigo havia ido embora para longe e
para nunca mais voltar. Era noite quando da esquina avistei aquela cena poética
e cheia de emoção para mim. Aquele pedaço de rua estava quase deserto. Não
contei quase ninguém. A praça onde havia o banco e meu amigo sentado nela, sim,
só estava habitada por ele. Resolvi caminhar até ele. Mas fui devagar. Pensei
em pedir-lhe, quando chegasse para colocar o violão para trabalhar, pois havia
muito tempo que não o escutava com o seu violão. Mas era preciso ser discreto,
por isso desisti de pedir-lhe. Uma poesia, talvez, eu tivesse coragem de
pedir-lhe para dizer ou até em tom de declamação, mas sem barulho, que não era
do seu feitio. Comecei a caminhar, caminhar e caminhar, e percebi, que como da
última vez, o amigo estava meio que desconsolado, pois de outro ângulo, notei-o
meio cabisbaixo. Mas como já era tarde, eu deixei de mão essa impressão e já
fui falando de longe para que ele não se assustasse quando eu chegasse:
***
___ Francisco, Francisco, Francisco, você voltou?!!!...
***
Naturalmente, o amigo se viraria e olharia para mim, como sempre o fez.
Mas dessa vez foi diferente. Ele sequer se moveu. Eu repeti mais uma vez o
chamado...
***
___ Francisco, Francisco, Francisco, você voltou?!!!...
***
Nada! Nenhuma expressão, gesto ou resposta. Aproximei-me, fui chegando
cada vez mais perto. Quando cheguei e toquei-lhe o ombro esquerdo, com leveza,
pois com aquele braço segurava o violão, senti algo muito diferente. Esperei o
amigo voltar-se para mim. Começou a chover, mas o banco que ele sentou, possuía
uma cobertura. Direcionei-me para o outro lado. Dei dois, três passos olhando a
chuva, e concentrado, me virei, olhando no rosto do amigo... (#&) <--Link 2 para ler ouvindo
o fundo musical. (Pausa)
***
...era uma estátua do amigo com um violão na mão, presa ao banco, e do
outro lado, livros e um quadro pintado de uma mulher, com olhos negros, tudo
isso feito de mármore e granito. Tomei um choque. De súbito, senti a maior
angústia da minha vida. Não era meu amigo Francisco, era uma estátua do
poeta... Acima da sua cabeça, do lado esquerdo, no pilar da estrutura havia uma
placa de bronze com os seguintes dizeres:
"Eu nunca fui...” (Francisco
Campos)
Passava pelo outro lado da rua, um jovem rapaz, vestindo sobretudo e
portando chapéu, uma pasta nas mãos e um olhar de espanto. Aproximando-se de
mim, talvez por ter me visto ajoelhado e aos soluços, emocionado, dizendo-me
sem eu perguntar nada, até porque não conseguiria pela devastadora tristeza que
me tomou:
***
___ Esse memorial trata-se da estátua do Poeta Francisco Campos, que
também foi Músico, Escritor e Artista Plástico, mas pintava em segredo. Após
uma decepção, entregou-se ao silêncio noturno das madrugadas. Escreveu até o
ultimo dia da sua vida, mas o silêncio era seu idioma. Perdeu o sentido da
vida. Desenganou-se. Disse ele a mim, mas ninguém acredita que ele me falou
isso, que a sua angústia nasceu não de ter chegado ao fim SEU romance com a tal
mulher dos olhos negros, mas por ter acreditado no seu amor, onde mentiras e
insensibilidade da parte dela, o fizeram perder-se de si, desacreditar até da
verdade, na capacidade de amar novamente... Francisco, meu Deus, mesmo sem dar
palavra alguma, faz muita falta nesse lugar. Esse canto era dele, mas como ele
me falou um dia: "Esse mundo não me cabe mais". Ele costumava
escrever suas poesias e deixava nesse mesmo banco, com um seixo em cima, para
que o vento não levasse. Muita gente recolheu as pedras e o papel, que parecia
sangrar desengano e perdição...
***
Ditas essas palavras, o jovem, que sequer sei o nome, caminhou, foi
embora, sob a chuva sem olhar para trás...
.
Quando levantei a cabeça, e olhei para o outro pilar, que sustentava a
estrutura da coberta do banco, do lado direito, havia outra placa de bronze com
as seguintes palavras:
***
"Eu sempre estarei aqui..." (Francisco
Campos)
.
Fábio de Carvalho [Maranhão]
02/07/2017 - 20h32min -21h44min -
Domingo, Cortês-Pernambuco.
domingo, 25 de junho de 2017
Intenso e Complexo / Fábio de Carvalho [Maranhão]
"Porque você é intenso...complexo"
Aquelas palavras não saíram mais da minha cabeça...
(Fábio de Carvalho)
- Em revisão para publicação
25/06/2017
Aquelas palavras não saíram mais da minha cabeça...
(Fábio de Carvalho)
- Em revisão para publicação
25/06/2017
O Peso da Própria Vida / Fábio de Carvalho [Maranhão]
(Fábio de Carvalho)
- Em revisão para publicação
25/06/2017 /
- Em revisão para publicação
25/06/2017 /
domingo, 18 de junho de 2017
Viver Intensamente / Fábio de Carvalho [Maranhão]
"A vida passa depressa...
Por isso
vivo intensamente..." (Fábio de Carvalho)
- Em revisão para publicação
18/06/2017 / 6
.
Por isso
vivo intensamente..." (Fábio de Carvalho)
- Em revisão para publicação
18/06/2017 / 6
.
Eu Tenho Medo e o Medo Anda Por Dentro / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Crônica em revisão para publicação.
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 5
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 5
Hélder Vai Nascer esses Dias / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Crônica em revisão para publicação.
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 4
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 4
O Amor não é de Ferro, é de Aço / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Crônica em revisão para publicação.
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 3
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 3
Viver Intensamente / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Crônica em revisão para publicação.
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 2
Fábio de Carvalho
18/06/2017 / 2
A Vida de Muita Gente é a Assim / Fábio de Carvalho [Maranhão]
Crônica em revisão para publicação.
Fábio de Carvalho
18/06/2017
Fábio de Carvalho
18/06/2017
O Segredo Não Revelado / Fábio de Carvalho [Maranhão]
XXVI
Enquanto o senhor Joaquim falava com sua irmã Joaquina, eu, astuto e
curioso, me escondi atrás da porta e descobri o segredo da família guardado a
quase seis gerações pelos mais velhos de cada família. Não fiquei nervoso nem
surpreso, pois para mim, as coisas devem ocorrer de modo que o vento leve e o
vento traga, senão a brevidade da vida ocorre de modo mais breve e com um
piscado de olhos, deixa-se de viver, e talvez, tenha-se que reencarnar para
esse mundo de expiações para sofrer mais um pouco "pagando" um carma
indesejado.
O primeiro passo que dei em direção à porta da sala foi quase que mortal
do ponto de vista do meu plano, mas coo quem tem a sorte de um gato esperto,
não perdi a vida que confiei naquele passo quase mal dado, e graças a um
pássaro que deitou voo em cima do centro, livrei-me da culpa do pequeno vasinho
que quebrei ao tropeçar no pé do centro. Aquele pássaro chegou na hora certa,
pois quando seu Joaquim deitou vista à sala, deu de cara com o pássaro que já
estava de saída pela janela principal. Ele sorrio. Eu engoli seco e fechei os
olhos para conter a minha ansiedade. Minha certeza naquele momento foi que,
para um pássaro agir numa hora daquelas, só poderia ter havido intervenção
espiritual por algum motivo que não faço a menor ideia.
Seu Joaquim passou quase dez minutos conversando com dona Joaquina no
maior sigilo do mundo. Eu ouvi tudo, calado no meu canto achando toda aquela
história uma coisa sensacional e ao mesmo tempo muito preocupante, pois cá para
nós, eu tirei as minhas conclusões no meu canto.
Ao cabo de quase quinze minutos, desconversaram, corrigiram a cozinha e
a sala para conferir se não havia alguém a escuta, e sentaram-se para tomar um
café na cozinha, café pisado e torrado na hora. Aquele cheiro me torturou ao
ponto do meu estômago quase falar. Pensei, de súbito, que jamais passaria por
uma situação como aquela. Mas de fato, aprendi naquele dia, quanto vale o
silêncio, e antes dele, cuidar da própria vida. Não posso revelar o segredo de
tantas gerações de uma família, pois não me foi confiado, e se o pássaro
naquele momento apareceu, foi para que eu após a ocasião vivenciada refletisse
e tirasse alguma lição do acontecido. E de uma coisa eu tenho certeza: Nunca
vou deitar a cabeça no travesseiro e perder o sono por alguém ter perdido a
minha confiança.
***
___ Joaquim...
___ Fala mana...
___ Era bom o Alberto aqui, para tomar esse café com a gente. Eu gosto
muito daquele menino...
***
Aquela última frase da dona Joaquina me "matou". Quebrou as
minhas pernas. Fez-me refém. Nessa hora resolvi sair detrás da porta e caminhar
em direção à cozinha, como se eu estivesse chegado naquele momento...
***
___ Por isso não, senti o cheiro de longe e já cheguei aqui.
___ Pega o “xicrão” de Alberto aí, Joaquim.
___ Agora mesmo...
***
O resto da tarde foi só de conversa boa e de tanta alegria...
.
Fábio de Carvalho [Maranhão] - 13h14min - 13h33min, Domingo,
Cortês-Pernambuco
Biblioteca Particular/Escritório de Trabalho
.
Crônica do dia 11/06/2017 (Não publicada por questões relacionadas a
informática).
domingo, 4 de junho de 2017
Futuro Assassinado / Fábio de Carvalho Maranhão
XXV
___ Não adianta argumentar sobre essa
questão de confiança, Vicent!
___ Fred, eu imagino que tudo tem dois
lados.
___Quando o sentimento é verdadeiro, do
tamanho que não cabe no peito, a confiança não encontra limites, Vicent.
___ Fred, eu entendo, mas existem coisas
que não são como a gente imagina.
___ Como imaginamos não há como ser, mas
deve ser como deve ser. E confiança, para quem ama, é a chave para qualquer
edificação de sentimento ou talvez, destruição de qualquer possibilidade,
Vicent...
***
A
conversa acerca da questão da confiança fluiu e desestabilizou um
relacionamento que mesmo sólido, colocou em xeque as estruturas amorosas. Não
pelo fato da conversa em si, mas pelo fato da conversa ter surgido através de
um motivo especial: falta de prova de amor...
***
___ Mas isso é prova de amor para você,
Fred?
___ Não precisa perguntar se confiar na
outra pessoa é uma prova de amor, Vicent.
___ Talvez você esteja falando pela
emoção, e meio que sem querer, estar desestruturando alguma coisa que já foi construída,
Fred.
___ Vicent, o fato é que cada um pode e
deve inspirar confiança no outro, porém, a maior prova de amor, é não dar
limites à confiança que se tem na outra pessoa. Vejo da seguinte forma: se não
confia, não ama.
___ Tudo é uma questão de ponto de vista,
Fred.
___ Para o amor, uma questão de ponto de
vista dessa é capaz de cegar qualquer um que enxergue na sua frente, a falta de
confiança da outra pessoa. Não há base que permaneça firme, não há situação que
fortaleça o sentimento, não há coração que não morra, mesmo estando vivo, batendo,
compreende?...
___ Talvez...
***
Nunca
vi uma questão como esta resultar na falta de palavras e inspiração na mente de
um poeta, que também escreve crônicas...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
04/06/2017 - 19h21min – 19h53min
Domingo, Cortês-Pernambuco. – escrita no
chão da sala da minha residência...
segunda-feira, 29 de maio de 2017
Sete Anos Depois... / Fábio de Carvalho Maranhão
XXIV
Em 2010, quando compus a canção “Serinhaem
Danado”, precisamente no dia 16 de junho, versei inquietações minhas acerca de
uma iminente ameaça de enchente, e pude sentir no meu peito e mente uma espécie
de percepção profética, que não me perturbou de antemão, porém, me fez refletir
e concluir que as coisas acontecem nãoapenas porque tem que acontecer, mas porque para tudo há um ou mais propósitos.
Dois dias depois, há 18 de junho, a enchente foi concretizada.
As águas vieram e passearam pelo seu lugar
comum desfazendo muitas coisas que os homens modificaram, incluindo vaidades,
maus costumes e soberbas.
Não acredito que sejam castigo Divino
certas situações catastróficas. Deus, na sua inteira e diviníssima bondade,
creio, não deseja castigar ninguém. Os homens, compreendo, castigam-se a si
próprios quando cavam suas sepulturas para enterrarem seus princípios éticos e
morais antes de desencarnarem. Mas o que desejo narrar aqui não são críticas
acentuadas à humanidade, pois mesmo existindo aqueles que se acham perfeitos,
vivem e sempre viverão aqueles que reconhecem humildemente sua pequenez e
efemeridade física. O importante mesmo é saber que o que deve prevalecer é a
dignidade moral e exemplo ético, mas sempre, com a visão de que, nem sempre,
culturalmente falando, aquilo que é correto e justo para alguns, para outros
não é justo e correto. Refiro-me aqui às culturas que variam de país para
países, comunidades e grupos étnicos.
Sete
anos antes, lembro-me bem, as águas me ensinaram muitas coisas. Uma delas é queo tempo passa...
Vejamos:
Muita gente que, no corre-corre durante a
invasão das águas, repetiram hoje, 28 de maio, dia do aniversário de um caro
amigo de infância, Luiz Alexandre Cabral, as cenas angustiantes. Comerciantes
transportando suas mercadorias para lugares seguros, carros de som fazendo
terrorismo desnecessário nas ruas da cidade, barreiras deslizando e caindo. O que
mudou? A data! Algumas pessoas, é certo, não estão mais aqui, para ver e viver
este triste momento que amargura a gente das regiões envoltas a Cortês. Meu
Pai, Carlos A. de A. Maranhão, quando dormiu aqui em casa, no quarto que fora
do meu filho Herbert e que será do esperado Helder. Antes de deitar, jantamos
às 22h30min na cozinha, e entre uma prosa e outra, guardei a frase do Meu Querido, meu Velho, meu Amigo,
quando em um olhar meio desviado e contido me falou, do seu jeito, com a sua
forma de falar:
Foi ou não foi uma lapada certeira? Meu
Pai sempre me surpreendeu. Eu tenho tudo guardado aqui na minha mente. Depois
que ele desencarnou em 2015, dois meses antes de o seu primeiro neto nascer,
meu filho Herbert, eu pude saber quanto vale um Pai.
Vendo
aqui, hoje, todo esse corre-corre de gente, em meio às chuvas, eu me lembrei de
tudo outra vez, quando sete anos antes, eu ainda tinha meu Pai perto de mim
para comer na minha mesa e dormir na minha cama de solteiro, enrolado no meu
cobertor de lã, verde, cor da esperança...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
28/05/2017 - 21h19min - 21h37min - Domingo, Cortês-Pernambuco.
Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular]
Foto: Eu, Fábio de Carvalho Maranhão e Carlos A. de A. Maranhão, meu Pai. |
.
PS.: CRÔNICA escrita domingo (28/05) e publicada na segunda-feira (29/05) devido a falta de sinal de internet por causa das chuvas aqui na região.
domingo, 21 de maio de 2017
O Poeta e a Filosofa em: A Filosofia do Desejo e do Prazer / Fábio de Carvalho Maranhão
XXIII
Crônica Meio-Conto [+16]
Crônica Meio-Conto [+16]
Tendo eu lido muito Filosofia,
História e Literatura, temo a perpétua consolidação de algumas práticas que boa
parte da humanidade acentua através das ações ditas, para muitos, normais. Não
tenho interesse em rebuscar o objetivo principal dessa prosa nem tão pouco
utilizar metáforas para dizer o que pretendo através de sentidos mais amplos.
Ao que me refiro, creia que poucas pessoas no mundo pensam ou ao menos se
preocupam. Tenho falado por aí sobre o dinheiro e a vergonha. O dinheiro no
sentido da ganância da humanidade, e a vergonha do ponto de vista de
renderem-se ao primeiro.
Outro dia, escrevendo um
diálogo pervertido, percebi que os personagens ampliaram tanto os conceitos e
acepções acerca do que e para que serve o dinheiro e a vergonha, que concluí, que
da maneira que as coisas andam evoluídas, muito do que eles falaram faz
sentido. Não houve bate-boca nem desentendimento, e sim, um diálogo amistoso
entre um poeta apaixonado por álcool, noite e mulheres libertinas ao extremo e
uma filosofa e escritora de contos adultos, versada sempre em Baudelaire e
embasada em Henry Miller, cuja característica mais marcante, era sua forma de
falar olhando nos olhos como se o poeta fosse um prato de comida fresca surgido
na sua frente após três dias de jejum. Para ser mais direto, ela era apaixonada
por sexo, não largava "As Flores do Mal" por nada, e nas horas vagas
criava personagens para seus contos baseados nas suas observações dos
comportamentos que observava no dia a dia. O poeta, discreto e direto, também
lhe comia com os olhos e com as mãos quando chegava em casa, pois ao menos uma
vez por semana, dialogavam sobre tudo, e entre um encontro e outro, regado a
Wisk, Vinho e não raramente Vodka, muitas coisas eram escritas e registradas,
já que havia um propósito central naquelas ocasiões: Além de ambos desejarem
"comerem-se", pretendiam escrever cada qual um livro, onde o poeta
escreveria de forma filosófica sobre o comportamento humano e a falta de
identidade com questões morais e de conteúdo intelectual que assola grande
parte da humanidade. A filosofa por sua vez, faria a mesma coisa, mas com uma
composição pautada na análise poética, já que a filosofia nasceu, para dentre
muitos objetivos, para compreender a poesia. Pois bem, um livro filosófico
baseado em pontos de vista de um poeta e um livro poético fundamentado em
análises de uma filosofa.
Não tenho interesse de narrar
aqui longos trechos dos diálogos dos dois representantes da luxúria intelectual
e da intelectualidade na sua essência. Mas não posso deixar de descrever esta
passagem, que para mim, nem o Dr. Zuan Açoeiro proferiria com tamanha exaltação
aos prazeres da carne e do intelecto.
Numa noite de sábado, quando o poeta Teodoro Clark e a filosofa Doroteia Norá se travaram com uma garrafa de Wisk em
um lugar que não posso revelar. Não é que não posso, é que não devo, pois não
me é permitido revelar esconderijos secretos que servem de refúgio para
intelectuais a serviço da produção do conhecimento.
___ "A primeira dose é do
santo", exclamou Teodoro quase derrubando a primeira porção cawboy
retirada de um escocês 12 anos.
De pronto, Doroteia exclama:
___ Alto lá!
O silêncio reinou no
esconderijo dos inteligentes.
___ O que há Doroteia?
___ Mostre-me um santo. Se me
mostrar primeiro, poderá oferecer-lhe esta dose. Caso contrario, não vai
desperdiçar esse líquido precioso com uma asneira dessas.
___ De fato, não terei como
apresentar-lhe um santo. Neste caso, vamos dividi-la e imaginarmos que podemos
pensar que deus somos
nós...
___ A ideia é ótima. Ademais,
não são todos os dias que temos em nossa frente um troféu desses.
Doroteia, como sempre, já o
mirava profundo nos olhos, como se a fome de uma eternidade lhe pousasse o
desejo de saciar sua fome de uma existência em um momento breve...
___ O que tem nesses olhos,
Doroteia?
___ Tudo e ao mesmo tempo,
nada.
___ Eu posso escolher acreditar
nas duas opções?
___ Poeta não precisa pedir.
___ E filosofa não precisa
metaforizar discursos, pois sendo eu poeta, sei muito bem ler olhos, palavras e
almas...
___ Grande filosofia a sua. Mas
diga-me uma coisa, Teodoro: O que hoje é preferível para humanidade é o
dinheiro ou a vergonha?
___ O dinheiro.
___ Justifica!
___ Quem tem dinheiro pode
comprar até o silêncio das pessoas imorais. Não adianta você pensar que
vergonha vale muita coisa hoje. Um exemplo muito bom é observar que basta uma
pessoa rica cometer um ato absurdo que logo cai no esquecimento, pois se abrir
o bolso, compra imprensa televisiva, jornais impressos, programas de rádio que
promovem notícias e por aí vai. Uma pessoa desprovida do vil metal terá que
conviver pela vida toda com algum deslize que cometer, mesmo que seja apenas no
bairro ou na cidade em que reside.
___ Tua observação é coerente.
Mas fale-me uma coisa: O desejo é para ser matado ou contido?
___ Matado, certamente. Mas
qual tipo de desejo você se refere?
___ A todos! Especialmente o
desejo carnal.
___ Este é o mais valioso, pois
transforma, do corpo à alma. O paraíso na terra é um gozo bem dado. Um beijo
sufocante. Um momento de êxtase olho à olho com uma pessoa que faz sua alma
entrar na dela com apenas um olhar. Eu tenho refletido sobre essas questões, mas
preciso colocar muitas coisas em prática ainda.
___ Você aguça minha imaginação
com tantos detalhes, poeta!
___ E suas indagações,
filosofa, fazem-me dizer coisas que antes não havia nem imaginado.
___ É a bagagem que o amigo
carrega.
___ Bondade sua. A amiga é que
carrega em si, a potência da filosofia, capaz de decifrar até o estado
psicológico do poeta e virar pelo avesso uma poesia que se componha.
___ Eu apenas falo o que penso.
___ Por que não faz o que
deseja também?
___ Como assim?
___ A teoria serve para muitas
coisas, mas apenas a prática serve de complemento à vida. É preciso viver a
vida, Doroteia.
___ Certamente! Mesmo porque
teoria não é ação.
___ Veja só, irei mais profundo
em uma observação. Não se espante...
___ Eu? (risos)
___ É que vou aprofundar os
exemplos.
___ Adoro situações profundas,
Teodoro. Fique a vontade. Fale.
___ O que é o sexo, para você?
___ É a razão de nós estarmos
aqui. Mas falo no seguinte sentido: Sem ter havido sexo, nós não estaríamos
aqui neste momento dialogando.
___ Sim! Mas há algo de mais
extravagante no sentido do prazer do que o sexo?
___ Claro que não!
___ Para muita gente, falar
sobre sexo é o fim do mundo, mas para ler, assistir ou ouvir, são compulsivos.
Na calada das noites, manhãs, tardes e madrugadas, imaginam "absurdos
deliciosos" e desejam o "indesejável". São escravos de si!
Sofredores eternos. Creia que se deve viver a vida, minha amiga, e o sexo, da
forma que descrevi anteriormente, é o paraíso terrestre, o alimento da mente, do
corpo e da alma...
___ Estar vendo porque falo que
você aguça minha imaginação? Passa-me a garrafa, por favor, poeta.
Quando Teodoro lhe foi entregar
a garrafa com a mão direita, Doroteia Norá lhe toma com a outra mão e
puxando-lhe pelo colarinho, e mirando-lhe profundamente nos olhos, como se
quisesse ler sua alma, filosofa com acentuadas metáforas:
___ Para que servirá a água em
meio a um incêndio se não houver mãos para conduzir o líquido ao lugar
adequado?
Teodoro, ao tentar falar, é
surpreendido:
___ Cale a boca, que ainda não
terminei. Olhe nos meus olhos e veja esse fogo em chamas! Ver? É o reflexo da
tua alma em chamas. De que adiantará nossas bocas, nossas mãos, nossos corpos
em um momento de fome, se não os utilizarmos para matar essa fome que inquieta
nossa alma? Sabes para que serve uma boca, poeta? Para levar uma pessoa ao
paraíso ou para o inferno. Depende do ponto de vista. Os olhos fazem a mesma
coisa. Olhos e olhares são combustíveis do prazer, são a marcha primeira da
ação, são dois elementos capazes de nos fazer enxergar o que o pensamento do
outro deseja nesse momento.
___ Estais me deixando reflexivo.
___ Imaginando algo?
___ Sim!
___ Por que não faz o que
imagina? Seria bom começar, senão vais ter o que merece. E olha que quando
estou como estou eu não poupo minhas mãos. Gosto de usá-las para castigar quem
merece...
O diálogo entre o poeta e a filosofa
continuou com uma troca de olhares tão profunda, que perto do raiar do dia, não
havia mais garrafa de Wisk nem anotações teóricas realizadas. Roupas pelo chão
e suores derramados compuseram o cenário dos primeiros trinta minutos. Ninguém
ouvia uivos da loba nem seus gemidos estridentes, capazes de acender uma
fogueira a quilômetros. Naquela noite, a filosofia do desejo e do prazer
reinou. O poeta foi tomado por um surto de prazer comandado por aquela que
vertia só no olhar, a selvageria do prazer, capaz de fazer de um simples
momento, um êxtase de eternidade. Esqueceram-se do diálogo inicial e
fartaram-se entre ambos no esconderijo secreto, com um diálogo secreto, com a
mais secreta forma de sentir o gosto da vida, que muitos negam ser através do
sexo entre um homem e uma mulher...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
21/05/2017 - 10h57min - 12h01min - Domingo, Cortês-Pernambuco.
Escritório de Trabalho
[Biblioteca Particular]
Imagem com Edição de Arte. Acervo Arte Visual. |
domingo, 14 de maio de 2017
Talvez Uma de Sentimento / Fábio de Carvalho Maranhão
XXII
Micro Crônica
Outro dia, conversando com o
Fabrício, repreendi o amigo por não concordar com a vulnerabilidade em que ele
levava adiante questões sentimentais. O sujeito sempre foi complicado por natureza. Bebia muito, fumava muito, estragava-se demais. Quase não dormia a noite, pois mesmo sem
ser abastardo financeiramente, gostava e pousava na boemia. Para se ter uma ideia,
só bebia Wisk e Vinho de primeiríssima qualidade. Não andava sujo. Tomava vários
banhos por dia. O problema dele é que não largava o copo e seus tragos. Vendo e
convivendo de certa maneira a situação, falei-lhe que era hora de arrumar sua
vida e mudar alguns hábitos, pois do jeito que ia, terminaria envelopado o
quanto antes. O cujo dito, sem eu esperar, saltou com quatro pedras nas mãos
dizendo:
___ Meu pai e minha mãe já morreram!
O resto é resto pra mim. Dane-se quem achar ruim!
Uma vez que sua resposta rimou,
perguntei-lhe se era poeta rimador ou debulhador de mote glosado. Sem esperar
novamente, levei um susto com a resposta que quase piso em falso no meio-fio da
calçada.
___ Só faço rima pra cabra
safado e intrometido.
Levei na esportiva e continuei
a conversa com Fabrício, e percebi no seu semblante que tentava afogar algo na
bebida. Era começo de noite, e em dias de sexta-feira, costumava pegar seu
violão, sentar na curva da esquina do Bar de seu Bira e mandar umas de Núbia
Lafayette, Nelson Gonçalves e especialmente Reginaldo Rossi. Ali a noite virava
madrugada e o violão vadiava muito. Essas noitadas lhe renderam dinheiro,
bebida, cigarro, charuto e mulheres. Não posso mentir que o danado era vistoso.
O cabra era tão ousado que mandou colocar dois dentes de ouro na boca só para
completar seu visual de boêmio. De fato era vaidoso.
Não vou me estender aqui com um
texto recheado de frases e detalhes. O importante aqui é dizer que quem ver
cara não ver coração. Principalmente de pessoas que às vezes carregam um
semblante alegre e gostam da boemia. Lembro que antes de Fabrício sumir no meio
do mundo, disse-me uma frase que ficou guardada até hoje como uma espécie de adágio
ou ensinamento:
___ "Quem liga para o
coração dos outros se as vezes se maltrata tanto o próprio?"
Ele, olhando para mim, produziu
um brilho nos olhos tão intenso que me deixou triste. Foi à última vez que vi
meu amigo boêmio com vida. Faleceu dez anos depois, com um livro de Kafka no
colo e uma garrafa de café ainda quente na mesa, a xícara vazia e o violão
afinado ao lado. Eu não sabia onde ele morava, pois sumiu sem dizer para onde
ia. Doeu-me o fim de Fabrício. Era boa pessoa. Sofria muitas coisas calado.
Falava pouco e lia muito. Bebeu muito também. Viveu muita coisa, especialmente
quando saiu do interior de Pernambuco para ganhar a vida em cidade grande.
Morou na rua, viveu de favor, comeu xingado. Mas o problema
maior de Fabrício foi que ele amou demais, e ainda por cima, a mulher que
ele amou não pode lhe seguir...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
14/05/2017 - 19h15min - 19h49min - Domingo, Cortês-Pernambuco.
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Particular]
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domingo, 7 de maio de 2017
Os Donos do Poder Convertidos na Canalha / Fábio de Carvalho Maranhão
XXI
Eu não bebi na fonte de Raymundo Faoro para me
embasar teoricamente e compor este ensaio que não gostaria de ter escrito sob
certo ponto de vista, mas quando li sua obra durante minha formação em História, conclui e permaneço convicto de que ela serve até hoje para compreendermos não só os desdobramentos da origem da
burocracia brasileira, mas também da corrupção em tempos do Brasil Colonial. Por
isso, realizando este exame, inicio dizendo que o cenário político brasileiro
anda desgastado graças a Canalha, que varia de analfabéticos políticos, comerciantes
de votos, atravessadores de partidos, propineiros e fabricadores de caixas
dois, mídia fascista, eleitores interesseiros, e como se não bastasse, toda gente omissa que se neutraliza,
cavando para si, sua sepultura no lugar mais quente do inferno. Costumo dizer,
que esta ultima parte da canalha, nem pisando-lhe um dos pés, gritam ou pedem
socorro. Mas geralmente, quem cala a boca diante de alguma situação
de injustiça, certamente é avesso aos princípios "guevarianos", e sempre tem ao pé
de si, a cartilha do “bê-a-bá” dos jogos de interesses. Geralmente, esse tipo
de canalha, dispõe de independência financeira e emancipação pessoal, que,
diga-se de passagem, são situações distintas. Não posso deixar de ascender a
ideia que me pairou a mente para escrever alguns ensaios em outros tempos,
tendo comigo, quase dois volumes prontos de composições em prosa versando sobre
as filosofias morais que hoje, estão em extinção, como os animais,
sacrificados pela ação do maior predador da terra.
Digo, não de passagem, que a crise moral,
hoje em dia, é tão alarmante, que não se ver outra coisa predominar na maioria
das instituições que não seja o tráfico de influência, a prática de uso
indevido das atribuições dos cargos que ocupam e o corporativismo pautado em
princípios oligárquicos, conforme ocorre desde o Brasil Colonial, Monárquico e
acentuado com a Velha República que fora mais Monarquia do que outra coisa. A
Nova República, recheada de Golpes Políticos de Estado e Militares, tem nos
dado o verdadeiro mau exemplo da canalhice geradora da crise política que
desmoraliza desde as Cidades brasileiras até os Estados e, não por ventura, também a própria federação.
Não se pode imaginar que o tripé mandatário do país, mudará os rumos das
realidades sem que os discursos hipócritas percam seus efeitos e tenham validade prematura e irrestaurável.
Não posso deixar de observar e tentar
desconstruir os discursos hipócritas dessa casta que tenta se perpetuar no
poder. Cada um possui uma arma, para tanto, nem todos sabem ou tem a coragem de
fazer uso da força e habilidade que possui, não por medo ou falta
de incentivo. O fato é que os jogos de interesses são tão visíveis desde as
esferas locais até a esfera nacional, que algumas pessoas rasgam do próprio
passado, as páginas que foram escritas com luta, dignidade, esforço e discurso
pautado no exemplo. Outros não ligam para a imagem, e sem constrangimento,
quando eleitos, perseguem eleitores, lideranças religiosas agem como
verdadeiros fariseus, pois ao invés de enxergar antes da ação, a vontade do
Deus que crer e defende, praticam crueldades que variam desde a ganância pelo
dinheiro até a negação de um copo de água solicitada por um penitente que lhe
bateu a porta rogando-lhe auxílio. Mas ainda há os que fecham suas portas para não
acolherem os pertences e as pessoas vítimas das enchentes, os que desejam
catástrofes ambientais para que as verbas a fundo perdido cheguem aos cofres
públicos para darem "dia santo" e deitarem em cima de colchão feito
com maços de garoupas.
Mas tudo isso é apenas um ensaio. Existem
situações, que não só justifica o desgoverno do Brasil em suas três esferas
como também explicam por si só, atentados contra a Democracia, a violência que tem crescido
assustadoramente e, além disso, a omissão de autoridades em face ao
caos instalado principalmente, em cidades alvos de assaltos a empresas de
valores e caixas eletrônicos.
As vezes, tomando meu café, torrado e bem
forte, eu me pergunto o porquê da canalha ser tão forte, cheia de raiva por
dentro e maldosa ao ponto de esquecer que tudo algum dia, também será passado.
Será que vale a pena discursar para pessoas que julgam inocentes, ignorantes,
analfabetas, reproduzindo falas que não condizem com a realidade? A canalha,
para ser mais direto, tem características distintas e metodologias de trabalhos
diversas. Para descrevê-la, é preciso dizer que existe a canalha
manipulada, a que serve de papel higiênico, para tentar limpar a sujeira
da canalha mandatária, que instrui indiretamente a canalha
manipulada para agir conforme os seus interesses. Mas a canalha
manipulada não é totalmente "ralé", na maioria das situações, são pessoas
esclarecidas, que pertenceram a outros grupos de políticos e religiosos, até
viram a casaca para times que jamais torceram por pura e simples conveniência.
Para a canalha manipulada, o que lhe importa é o dinheiro, o salto
e a pose. Pousar em fotos, dar uma de celebridade humilde achando que todos
acreditarão nos seus discursos infames e repletos de incoerência, pois na
teoria, o verbo dar uma lição discursiva, como se houvesse em suas palavras,
instruções discursivas de Bachelard ou até mesmo de Octávio Paz. Claro que existem outros
nomes que poderiam ser citados aqui como Paul Ricoeur, Hayden White e principalmente Michel Foucault 1* 2*,
mas que geralmente, decoram frases de efeito, mas na prática, não sabem
escrever um artigo de opinião para um boletim informativo aspirante a jornal de
circulação regional.
Não bastando as ações desprezíveis da
Canalha, outra coisa que ela pratica e que perturba muito a vida das pessoas, é
quando o peso da influência e a falta de imparcialidade nas suas ações são
sempre recorrentes. Para ser mais claro, lembro-me que, em dias de maio, a mão
pesada de um Rei passageiro e de uns funcionários sem expressividade, espaço, capacidade intelectual e exemplo à posteridade, andou cortando cabeças de
súditos por, historicamente, não terem afinidade com suas práticas de governo.
Foram muitas as cabeças cortadas. Cabeças pensantes, produtivas e jovens do
ponto de vista da canção popular. Não é de espantar que
as facas são amoladas e cortem feito navalhas, sonhos e possibilidades, mas como
disse o poeta pernambucano "Eu quis
ficar aqui, mas não podia / O meu caminho a ti, não conduzia / Um rei
mal coroado, não queria / O amor em seu reinado / Pois sabia,não ia ser amado...",
e essa canção combinou tanto com a situação, que para mim, que tive também os
ouvidos inflamados por discursos capazes de fazer vomitar e a cabeça quase
decepada pela arma da assinatura, que viajei na filosofia para entender que a
canalha tem validade, mesmo que só deixe de governar, pregar, erguer reinados e
impérios quando seu Rei desencarnar.
Mas para tudo existe uma saída. E a
coisa que mais incomoda os quer são líderes e praticam corporativismo
escancaradamente, é a liberdade dos que não comem na mesma mesa que eles nem
mendigam as migalhas que caem dos seus pratos...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
sábado, 6 de maio de 2017
Comprovante de Residência com umas Doses de Belchior / Fábio de Carvalho Maranhão
XX
Crônica Especial
Crônica Especial
A expressão: "escrever uma crônica especial", não é que ela seja especial no sentido real da palavra. É que indispensavelmente, escrevo e publico uma crônica aos domingos, e a ideia de escrever esta crônica hoje, fora de fato inesperado, e em essência, despertado quando me deparei com um comprovante de residência que pertenceu a meu pai, quando em décadas passadas, havia concluído a casa que nos serviu de morada por muitos anos.
Um fato interessante foi o que eu jamais imaginei
que um simples comprovante de residência pudesse me causar ao mesmo tempo uma
"alegria tão grande" e ao mesmo tempo "uma sensação de
indiferença" sem tamanho. Claro! O mundo não é só de rosas, são também dos
Girassóis. Este último, eu costumo dizer que faz parte da minha trajetória de vida
relacionada aos estudos e as imensas revoluções interiores das quais tive
que passar. Não me furto em deixar de cultivar um Girassol na minha biblioteca
por um simples e talvez, mesmo sendo simples, um dos mais significantes
símbolos para mim: Lembro-me das leituras sobre a Revolução Francesa. Mas a Revolução
Francesa é apenas um exemplo em prosa que exprimo nesta "crônica
especial". Clamo às revoluções individuais e coletivas. As revoluções dos
que não se curvam aos interesses relativos à barganha, aos conchavos da
desonestidade e acima de tudo, aos maus exemplos dos que imaginam que todos
têm um preço, quando ainda existem àqueles que possuem e não
abrem mão do seu valor, e isto se dar por um motivo imediato: Exemplo. Tal
exemplo, refiro-me, aos que aprendemos desde a infância, quando nosso pai e
mãe, tia ou tio, avó ou avô, ou até mesmo irmãs ou irmãos mais velhos que se
tornam responsáveis pelos mais novos na ausência dos precedentes que acabei de
citar. No meu caso, tenho o Exemplo plantado através das ações do meu Pai, que
sempre foi meu espelho. Existem outros, mas para mim, este salvou a minha pele
de tantos "abutres que estão soltos por aí", pois segundo meu
pai, "a gente nunca deve se arrepender de ser honesto", e isso eu
guardo e carrego comigo para vomitar na cara de qualquer salafrário, de
qualquer pelego de órgãos ou instituições maquiados por discursos hipócritas e
atolados em praticas de podridão moral.
Então eu fiquei aqui, só a imaginar como um
comprovante de residência, grampeado em uma foto 3x4 e a cópia de uma
habilitação, em nome de Carlos Alberto de Albuquerque Maranhão, avô de
Herbert, completado dois anos e de Helder, previsto para nascer em menos de
dois meses, pudesse me fazer conceber tantas reflexões. Refiro-me ao meu Pai, desencarnado em 02.02.2015.
Para a minha surpresa, neste mesmo dia, tive não
sei se surpresa ou a profecia realizada, outra experiência com um
comprovante de residência, mas este em nome da minha mãe, que por sinal, estava
dentro de uma pasta com outros documentos meus, dispostos em ordem alfabética e
classificados tanto por tipo quanto por finalidade. Quando peguei aquela conta de energia
de valor R$40,40, percorreu em minha mente um mau presságio, como se alguma
profecia me fosse declarada neste dia de maio, especificamente dia seis, um
sábado do ano 2017. Para a minha “não surpresa”, chama-me pelo Messenger,
um amigo, que por coincidência ou não, completara um ano que fazíamos de
amizade no facebook. Como eu estava
precisando entrar em casa, pois minha Biblioteca fica após a área de lazer da
residência e o cheiro do café estava me atiçando, pedi-lhe que ligasse para
conversarmos, para assim, me falar o motivo da ligação. Assim fez o amigo e, logo em seguida meu telefone tocou:
___ Satisfação, meu amigo!
A conversa fluiu como sempre flui. Falamos sobre
outros assuntos como se o principal acontecimento devesse ficar para o fim da
conversa, como em um conto, onde temos a apresentação, a complicação, o clímax
e por fim, e esta é a parte a qual me refiro: "desfecho". Então a
conversa enveredou para um caminho mais particular, e talvez, penso eu,
metafórico:
___ O amigo soube da novidade?
___ Até o momento não. Conte-me.
___ É sobre o resultado de uma seleção pública, na
qual pelo que constatei, o amigo com a bagagem e a experiência que tem, não
alcançou pontuação. No mínimo, "fiquei sem entender,
entendendo". Onde já se viu pontuação neutra?
___ Você quer dizer: "0,0"?
___ Sim.
___ Você quer dizer: "0,0"?
___ Sim.
___ O amigo se refere a um processo seletivo tal...
___ Este mesmo.
___ Mas o fato é que não se pode querer fazer chover nem no inferno nem querer que aja
fogo dentro das placas de gelo do Polo Norte. E como
eu sempre procuro escrever como Belchior, "como faca para cortar a carne" de
quem merecer, sempre será útil essas experiências, onde além da hipocrisia
escancarada e a falta de dignidade da parte de quem acha que tudo é permitido é
o exemplo que eles tem a oferecer, dar e até empurrar de goela a baixo.
___ Mas o que será que há nas entrelinhas,
Maranhão?
___ Nas entrelinhas eu não sei, até posso analisar,
mas com metáforas, eu creio que quem fala por si, caminha com as próprias
pernas, emancipa sua própria liberdade, não se neutraliza, age conforme a
consciência, não se curva nem faz continência, não admite humilhação, não é
omisso, quando discorda não baixa a cabeça, não serve de chaleira nem de
pelego, não vende o voto, não aplaude discursos de hipocrisia e escuta suas
baboseiras com indiferença, dar risadas "sem sorrir" dos fanáticos e
alienados das esquinas, praças públicas e de pé de palanque, para eles, é carta
fora do baralho.
___ Compreendo perfeitamente o amigo.
___ Compreende porque ler e estuda.
___ Você agora me fez rir.
___ Mas falo assim para elogiar o amigo, já que o
amigo é um leitor fluente. Mas retomando aos meus exemplos, eu quero dizer que
as metáforas que usei não são de efeitos simbólicos ou com figuras de linguagem
acentuadas de modo que meu português se transforme em alemão.
___ Concordo.
___ Mas existe outro agravante.
___ Qual?
___ Eu não "estou" professor de História,
amigo, eu "sou" professor de História, e ainda por cima, não me neutralizo, por isso não vou
ter no inferno um lugar quente reservado para mim.
___ Pois é meu amigo, sei que a perversidade é uma arma quente. Mas o que seria
melhor para você nesse momento?
___ No momento, será guardar a ideia da crônica que
estou em mente. Quando terminarmos nossa prosa, creio que terei o que escrever.
___ Tudo isso por causa de um comprovante de
residência, Maranhão?
___ Ora! Nada é por acaso.
___ Com certeza!
___ Mas como a Flor do Girassol representa
equilíbrio, a integridade que por ventura queremos e devemos demonstrar aos
outros através das ações - do Exemplo - , e para mim, a revolução de cada um em
meio as adversidades, eu sempre agirei conforme meus princípios, sendo sempre o
estudante da vida própria, afim de oferecer o Exemplo claro, reto, digno, caro e
eterno, pois veja só meu amigo: "Nosso exemplo poderá ser
sinônimo de eternidade. Isso dependerá de cada um".
___ Mas sinceramente, como é que uma Flor tão simples representa coisas tão
importantes e belas?
___ Não busque respostas meu amigo, aja de acordo com a situação e
principalmente, em casos como este, depure o que se pode criar em face da realidade alterada pelas mãos da injustiça e imagem do desrespeito ao direito, em outras palavras, a Democracia. Veja o Girassol: Ele não precisa que ninguém lhe diga de que lado nasce o
sol, porque bate lá o seu coração...
___ Adiante?
___ Adiante. Mas advirto: Por isso, cuidado, há perigo na esquina. Eles venceram e o
sinal estar fechado pra nós, QUE SOMOS JOVENS"...
Fábio de Carvalho [Maranhão]
06/05/2017, 10h12min – 10h57min -
sábado, Cortês-PE, Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular]
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