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terça-feira, 4 de junho de 2019

A Verdade Cabe em Todo Lugar / Fábio de Carvalho Maranhão

Em Revisão
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Os Maus Costumes que a Gente Carrega / Fábio de Carvalho Maranhão


         Para falar sobre maus costumes é preciso antes de tudo se despir, a princípio, da venda que carregamos por vaidade ou da mania de querer ser superior, impoluto e cristão purificado, mas por consciência, dos três juntos.
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         Maus costumes, pensamos, só prejudicam a nós mesmos, mas de modo particular, quando paramos para refletir, sabemos, vemos e sentimos que seus efeitos ultrapassam os efeitos monossilábicos do ponto de vista da individualidade ou como também chamamos, da vida particular. Eu falo isso por ter refletido e analisado muitos maus costumes meus para poder chegar a observar e refletir acerca de maus costumes alheios, e porque não dizer, também, coletivos, do ponto de vista da cultura que influencia comunidades inteiras. Um exemplo lamentável é a cegueira que adquirimos por conta do fanatismo político. Muitas vezes, e eu arrisco dizer, que é um costume aprendido dentro de casa, sem a prática da reflexão nem o conhecimento da história como manda o figurino. A política gera analfabetos de toda natureza, em especial esse deficiente visual que chamamos de ignorante, essa canalha que chamamos de vadios das praças públicas e de beiras de esquinas, que “não perdem tempo” para ler um capítulo de um livro em algum momento do dia ou da noite. Os vadios das praças públicas aumentam em dez vezes, no mínimo, qualquer tipo de notícia que possa trazer à tona alguma polêmica relacionada à politicagem. Vivem de falatórios, apontam os dedos sujos para quem não levanta a bandeira que defendem, riem alienados de tudo que possa representar um ponto a menos para seu “adversário nas urnas”. Isso é muito perigoso pelo fato dessas práticas serem estendidas para seus lares, onde crianças escutam, presenciam e acabam aprendendo esses maus costumes que beiram o terreno do fanatismo e da ignorância política somada à preguiça para estudar, para que aprendendo, reflitam e sejam encorajadas por si próprias a agir diferente quando os maus costumes foram cargos chefes do ponto de vista das tradições familiares ou até mesmo culturais da sua comunidade. Se meu pai estivesse entre nós nos diria assim:
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___ Mau costume se tira com trabalho, levantando cedo e estudando. Quando a gente aprende quanto é o papel de energia à gente apaga a luz do banheiro, não esquece o ventilador ligado e aprende a tomar banho frio. Mas isso é culpa de muitos pais e mães que desde cedo mostram ao menino que tem hora que é melhor dormir tarde, acordar tarde, “aproveitar a mocidade” por que o tempo passa, e que é melhor “viver a vida”.
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         Eu aprendi com papai a ser uma pessoa responsável, incapaz de deixar de honrar meus compromissos, pronto para fazer o que for preciso para afirmar e reafirmar com ações que meus sobrenomes Carvalho e Maranhão merecem respeito. Lembro que quando a antiga prefeitura Palácio Executivo Municipal José Valença Borba era na Rua Coronel José Belarmino, meu pai ia receber lá, geralmente no turno da tarde. Nessa época o prefeito de Cortês era o senhor Manoel José da Silva, uma figura emotiva e do ponto de vista político, popular. Pois bem! Nessa época, papai já saia com o papel da água e da energia no bolso. Quando chegava em casa, os colocava em caixas de forma organizada. Havia um armário verde no quintal de lá de casa, situada a Rua Padre Antônio Borges, número 43, ao lado da quadra esportiva Hilton Alves Cavalcante Filho. O tal armário era cheio de ferramentas de papai. Na prateleira de cima, havia documentos de toda a espécie organizado, que geralmente, se resumiam em contas pagas. Entre uma ação e outra do meu pai, eu aprendia com ele, muitas vezes, sem ele pronunciar uma palavra. __ “Aprendeu como se faz, Fabinho?”, referindo-se a uma tilápia, peixe de água doce conhecido por Chilapo ou Chilapão após tirar as escamas e trata-lo. Essa foi uma das poucas vezes que ele me perguntou se eu havia aprendido a fazer algo que ele acabara de fazer. Nessa ocasião, ele me pediu para levar o sal até ele, mas a real intenção de papai era me ensinar a tratar peixes. Da mesma maneira foi com a carne de boi, de porco, de bode e galinha. Eu sempre descascava o alho, cortava verduras e pegava os temperos que ele utilizava. Aprendi muita coisa observando meu pai na cozinha da nossa casa. Mas voltando aos maus costumes, para concluir essa prosa, eu creio que muita gente carrega consigo maus costumes, sem dúvida, por não ter tido um pai como o meu. Seu maior ensinamento foi quando certa vez, me contando umas histórias que seu avô lhe contava, ele me disse:
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“Nunca se arrependa de ser honesto!”.
(Carlos Alberto de Albuquerque Maranhão)
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Fábio de Carvalho Maranhão
Cortês-Pernambuco, segunda-feira, 03 de junho de 2019 (09h36min – 10hs13min) – (Agrovila Barra de Jangada)
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Autofotografia: Janeiro/2019


domingo, 2 de junho de 2019

Falsidade Escancarada é o Combustível de quem Veste a Roupa de Coxinha / Fábio de Carvalho Maranhão


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         É isso se vê da forma mais explicita em cidade de interiorzinho, onde o povo todo se conhece, onde ainda existe parede de meia, onde se toma pinga em bodega ou em barracão, onde se conhece a pessoa pelo bisavô, avó, pai, enfim, onde por causa dos contatos serem mais frequentes e corpóreos, algumas pessoas se acham no direito de usar de má fé, muitas vezes, pelo fato de serem tratados bem, com educação, abrindo brecha para levar uma facada de todo tamanho. É que existem pessoas que confundem as coisas, e a classe mais acostumada a fazer isso é a classe dos políticos. Chegamos a ver logo após um cumprimento simples, um “vai tomar banho...” e ainda a mãe é quem paga por tabela em complemento. É por isso que me refiro à falsidade escancarada.
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Vemos no interior toda espécie de mazela quando o assunto é falsidade. Político falando mal do outro em frente ou dentro da Câmara de Vereadores, onde algumas vezes, o atingido quando chega, só não sai mesmo casamento, pois é tanta cena fajuta de teatro, tanto “pra quê isso” que não sei como eles não vomitam um em cima do outro. Se bem que em outros tempos, quando dona Corina era viva, vi uma cena que ela certamente não me deixaria mentir.
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Estávamos próximos ao centro da Cidade de Cortês. Dona Maria da Lanchonete já estava com o ponto organizado e servindo refeições diariamente além de lanches, que era de rotina. Perto da gente passou um vereador de mandato, cheio de si e com certeza, nunca havia lido um livro ou até mesmo um artigo sobre qualquer livro que se possa imaginar. Parecia furioso, e como quem distraído e ao mesmo tempo alerta, falou em voz alta, dando a entender o que ele desabafava. As palavras do tal vereador foram “Aquela desgraça me paga”. Entre um detalhe e outro, juntamos o quebra-cabeça e chegamos ao ponto-chave do assunto. O vereador era da mesma bancada que a dele, além de conviverem bastante, dialogando amigavelmente, votando até combinado em qualquer projeto que fosse encaminhado para a Câmara. Nós não entendíamos o que se passava, mas com certeza, o problema era resolver o problema dele. “O mundo que se exploda” falou ele com um ar de incrédulo ou blasfemador e emendou: “Quero resolver meu problema”...
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O foco, geralmente de todas essas pessoas antenadas às tendências de tudo do século XXI, é si próprio. Outras, sem perceberem, acabam sendo influenciadas por uma ou duas situações: vagabundagem e música sem conteúdo cultural algum. É a partir daí que surge falsidade de todas as espécies. Não é generalizando, mas quando um amigo se sente superior ao outro ou quando sente inveja daquela pessoa que mais agiu com lealdade com ele, pode-se dizer que o mundo está de pernas para o ar mesmo. Mas voltando ao assunto falsidade, tenho visto cenas de embrulhar meu estômago.
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Outro dia quando larguei da escola, vi perto da rua em que moro, três professoras conversando, já que parei para falar com um amigo na lanchonete de Dona Maria, onde por sinal, tomei um café hoje por volta de onze e meia da manhã. O diálogo entre elas foi sigiloso, até mesmo pelo volume da fala, mas não deu para escapar uma cena quando terminaram a conversa. Uma das professoras, a que estava de saída, foi repreendida após um monte de beijos e abraços, com uma língua direcionada a ela por aquela que mais foi carinhosa com ela. Quem morreu de vergonha foi eu, pois eu já havia pago o café e estava de saída, entre o chão da lanchonete e o chão da calçada. A professora não teve reação e seguiu em frente. A infeliz que lhe deu língua ficou toda por fora e provou uma das coisas que a falsidade obriga a provar quem vestir sua roupa: vergonha, vexame, mau bocado, enfim, como queiram chamar, como melhor se fizer entender.
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Na porta da delegacia, após uma confusão no trânsito, encostou um eterno aspirante a candidato a vereador e tentando resolver o problema antes que a polícia chegasse, falava no pé do ouvido de um algo do tipo:
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___ Será resolvido da melhor maneira, meu amigo!
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         Ele falava assim em tom que todos que estavam observando a confusão pudessem ouvir. Mas em surdina, dizia para um deles, o que ele se dirigiu a pouco:
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___ Não abra não! Ele tem dinheiro para mandar concertar o estrago que fez no seu carro.
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         Em meio tempo, ele já corria em direção fazendo jeito de bravo, para o outro imaginar que realmente ele estava defendendo seus interesses, mas já aliviava o discurso, colocando uma das mãos no ombro sujeito dizendo:
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___ Dá um toco ao delegado, Zé Mané, que ele te libera. Deixa esse lascado pra lá.
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         Essas histórias de interior que narrei acima não são nem um paliativo para o que tenho visto, escutado e ouvido falar. Uma das cenas que mais me chocou foi quando certo dia, duas autoridades religiosas do município encontraram-se em um evento público, na conhecida Praça da Bíblia, apelidada vulgarmente como Praça da Mentira. Não posso dizer que o acontecimento foi irreal, pois esse eu presenciei a poucos metros de onde eu estava. Não posso detalhar o acontecimento por não querer expor situações que possam desgastar alguma simpatia que ambos tem por mim, mas em resumo, posso dizer que levantam a mesma bandeira e guerreiam entre si Nunca vi uma coisa dessa na minha vida! Ou melhor, eu já até vi, porém, em pleno século XXI, época em que as igrejas rogam tanto por paz, presenciamos situações que descaracterizam tudo aquilo que se chama cristianismo. Outro dia mesmo um jovem saiu eufórico da escola gritando que era a favor da pena de morte, sendo que naquele mesmo dia, um padre e um pastor ministraram palestras para os alunos, onde uma das temáticas mais abordadas foram questões sobre “ser cristão” e sobre “o desarmamento”. A palestra do Padre foi às oito horas da manhã. A do Pastor que não me recordo qual a ideologia protestante ele defendia, ocorreu à tarde. Fizeram uma proposta de uma palestra conjunta, conde os estudantes pudessem ver um exemplo ecumênico, a fim de incentivar a Tolerância Religiosa, mas houve reprovação por parte de um deles. Por que terá sido?
         Enquanto o tempo vai passando, vemos situações de arrepiar quando o assunto é falsidade. Vamos aos exemplos?
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___ Só bebe cachaça porque eu pago!
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Quando o amigo chega só não lhe coloca no colo.
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___ Beba o que quiser. Hoje quem paga sou eu! Você não é tomador de cana? Pois bem, eu sou o pagador. Venha, entre, sente! Vai tomar o que?...
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         Muitas vezes, quando o amigo saía embriagado, pois ele empurrava cachaça nele com força, ele emendava:
___ Vai embora logo!! Estavas sem beber a dez anos, foi cachaceiro? Se ele demorasse mais um pouco iria deixar o bar sem pinga.
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Esses tipos de comportamentos em cidade de interior são comuns. É lamentável saber que existem pessoas com tanta falsidade. É por isso que eu sempre falo que falsidade escancarada é o combustível de quem veste a roupa de coxinha.
Confesso a todas e a todos: “A palavra “falsidade” tem muito me ajudado a refletir sobre a importância da verdade. Vamos pensar mais nisso?”.
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Fábio de Carvalho Maranhão
Cortês-Pernambuco, Domingo, 02 de junho de 2019 (13h43min – 14hs53min) – Biblioteca Particular / Escritório de Trabalho.
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Autofotografia(abril/2019): Fábio de Carvalho Maranhão
Arte disposta: Analiel Francisco